sexta-feira, 13 de abril de 2012

A PÁGINA NEGRA DO CRISTIANISMO - 2000 ANOS DE CRIMES, TERROR E REPRESSÃO



Prefácio
Há cerca de 2000 anos, nascia na Galiléia um fundador de seita, que acabaria crucificado uns trinta anos mais tarde. Algumas de suas últimas palavras na cruz foram "Dêem-me de beber". E só. A seita que ele tinha fundado tornar-se-ia, com o passar dos anos, a maior de todos os tempos. Ela tomará o poder político dentro do Império Romano, abolirá a liberdade de religião, depois ajuntará montanhas de cadáveres: os seus membros massacrarão milhões de "infiéis", "hereges", "feiticeiras" e outros, depois se matarão entre eles próprios, levando a Europa às guerras mais ferozes que ela conheceu. Um passado destes poderia incitar à modéstia, mas os cristãos reivindicam, pelo contrário, o monopólio da ética. Proclamam que adoram o Deus único, que deus é "amor", e se consideram melhores que o resto da humanidade.

Única ideologia capaz de dividir com o comunismo e o nazismo o pódio dedicado às ideologias mais mortíferas da história humana, o cristianismo mantém-se uma ideologia dominante em muitos países ocidentais, como o "gendarme do mundo", os EUA. Chegou a hora de abrir o "Livro Negro do Cristianismo: 2000 anos de terror, perseguições e repressão", que resume algumas das piores atrocidades cometidas em nome dessa ideologia que pretende promover o amor ao próximo.

Ano um
"Os deuses não estavam mais, e Deus não estava ainda."
 
O Império Romano garantia a liberdade de culto. O ateísmo e a razão dominavam. É nessa época que nasce um sujeito que, segundo dizem certos judeus, perdeu o juízo porque leu o Tora demasiadamente jovem. Ele funda uma seita que visa proibir o culto dos outros deuses, exceto o seu. O sujeito é finalmente morto, mas a seita se expande com o êxito que se conhece.

O culto da personalidade do fundador da seita atinge, nos cristãos, um nível que mesmo o estalinismo não conseguirá igualar: o fundador é proclamado "verdadeiro homem e verdadeiro Deus", ("Deus-Homem", em linguagem comum). 

Os que duvidam disso são proclamados imediatamente hereges, e sofrerão mais tarde os raios da Inquisição. A partir do século IV da nossa era, começará o assassinato dos não-crentes pelos cristãos.

Anos 50-70
A seita cristã se desenvolve. Textos gregos, escritos por membros da seita fora da Palestina ("Os evangelhos") relatam a vida do fundador: nascido duma virgem, que se manterá virgem mesmo tendo vários outros filhos, ele terá sarado doentes, mas também amaldiçoa uma figueira que fica instantaneamente seca, e fará precipitar num lago centenas de porcos que lhe não pertenciam. Este personagem, que defende os pobres mas também afirma que "aqueles que têm tudo serão louvados, e àqueles que nada têm, o pouco que têm ser-lhe-á retirado", um pouco patético quando amaldiçoa uma figueira ou se deixa crucificar, é declarado a incarnação do "Deus único". O fato de, segundo os evangelhos "canônicos", as suas últimas palavras sobre a cruz terem sido "Dai-me de beber" não parece perturbar os adeptos da seita, que se expande por todo o Império.

A intolerância religiosa dos cristãos, que visam abertamente, desde o início, impor uma interdição aos cultos de deuses que não o seu, o qual eles insistem ser o "único Deus", começa logo a atrair a atenção da justiça romana, que defende a liberdade de culto, a qual é um dos pilares dessa sociedade complexa e multicultural que é o Império Romano dos primeiros séculos da nossa era. A propaganda cristã inverte habilmente a situação. Os condenados pela justiça romana são declarados "mártires" e os seus restos são venerados nas igrejas, inventando-se a lenda de eles terem sido executados por terem "recusado a renegar a fé", desculpa essa bem melhor do que a verdade nua, que mostra que foram condenados por desordem e imposição da intolerância religiosa na sociedade multicultural.

Ano 312
Tomada do poder pelos cristãos. No fim duma guerra civil, Constantino toma o poder. Pouco depois ele se converte oficialmente ao cristianismo, e "autoriza", num primeiro tempo, o culto do deus único cristão, pelo Édito de Milão: é o início da perseguição religiosa na Europa. Pouco a pouco o culto dos outros deuses, exceto o deus cristão, vai sendo proibido. Os santuários clássicos serão destruídos ou transformados em igrejas cristãs. No fim do século IV, não haverá mais nenhum templo pagão em toda a bacia do Mediterrâneo.

Ano de 380
O imperador Teodósio proclama oficialmente o Cristianismo a única "Religião de Estado". Mas ainda será necessário esperar mais 12 anos para que todos os outros cultos sejam definitivamente proibidos.

Ano de 389
Teófilo, hoje Santo Teófilo, é nomeado patriarca de Alexandria e inicia imediatamente uma violenta campanha de destruição de todos os templos e santuários não-cristãos. Tem o apoio do pio imperador Teodósio. Deve-se a Teófilo a destruição, em Alexandria, dos templos de Mitríade e de Dionísio. Essa loucura destruidora culmina em 391 com a destruição do templo de Serapis e da sua biblioteca. As pedras dos santuários destruídos serão usadas para edificar igrejas para a nova religião única, a cristã.

Em seguida e para demonstrar que ele é capaz de perseguir também cristãos (na medida em que eles não sejam 100% ortodoxos), Teófilo comanda pessoalmente as tropas que atacam e destroem os mosteiros que aderiram às idéias de Orígeno, um teólogo cristão que foi declarado herege porque afirmava que deus era puramente imaterial.

Ano de 389
Pela primeira vez, um chefe cristão dita a um imperador, a política a ser seguida: Santo Ambrósio de Milão, levanta-se em plena catedral, e com o sentido de caridade tão particular aos cristãos, impõe que o imperador anule a ordem que dera ao bispo de Calinicum, sobre o Eufrates, para que reconstruísse uma sinagoga que ele e a sua congregação tinham destruído. A igreja toma partido assim, desde o princípio, dos incendiários de sinagogas, posição que continuará a manter até ao ano de 1940.

Início dos anos 390
O piedoso imperador cristão Teodósio interdita progressivamente todos os cultos não cristãos. Pouco a pouco, os templos não cristãos são fechados ao culto, as procissões "pagãs" são proibidas. Esta supressão da liberdade de religião, em proveito exclusivo do cristianismo, causa por vezes revoltas, como a de 408, em Calama, na Numídia. É nessa época que acontecem na Germânia as primeiras execuções de hereges, uma bela tradição que a igreja desenvolverá com a Inquisição e a perpetuará até 1826.

Ano de 391
Uma multidão de cristãos, guiados por Santo Atanásio e Santo Teófilo, deitam abaixo o templo e a enorme estátua de Serapis, em Alexandria, duas obras-primas da antigüidade. A coleção de literatura do templo também é igualmente destruída.

Ano de 412
Cirilo, hoje Santo Cirilo, doutor da Igreja, é nomeado bispo de Alexandria e sucede a seu tio Teófilo. Excita os sentimentos anti-semitas difundidos entre os cristãos da cidade e, à frente duma multidão de cristãos, incendeia as sinagogas da cidade e faz fugir os judeus. Em seguida encoraja os cristãos a tomar os bens dos fugitivos, deixados para trás.

Ano de 415
Hepatia, a última grande matemática da Escola de Alexandria, filha de Theon de Alexandria, é assassinada por uma multidão de monges cristãos, incitados por Cirilo, patriarca de Alexandria, que será depois canonizado pela Igreja. O motivo dessa ação foi que a brilhante professora de matemática, representava uma ameaça para a difusão do cristianismo, pela sua defesa da Ciência e do Neoplatonismo. O fato dela ser mulher, muito bela e carismática, fazia a sua existência ainda mais intolerável aos olhos dos cristãos. A sua morte marcou uma reviravolta: após o seu assassinato, numerosos pesquisadores e filósofos trocaram Alexandria pela Índia e pela Pérsia, e Alexandria deixou de ser o grande centro de ensino das ciências do mundo antigo. Além do mais, a Ciência retrocederá no Ocidente e não atingirá de novo um nível comparável ao da Alexandria antiga senão no início da Revolução Industrial. Os trabalhos da Escola de Alexandria sobre matemática, física e astronomia serão preservados, em parte, pelos árabes, persas, indianos e também chineses. O Ocidente, pelo seu lado, mergulha no obscurantismo, do qual começará a sair mais de um milênio depois. Em reconhecimento pelos seus méritos de perseguidor da comunidade científica e dos judeus de Alexandria, Cirilo será canonizado e promovido a "Doutor da Igreja", em 1882.

Séculos V a XV
A "Idade Média Cristã". Aproveitando o desaparecimento das grandes bibliotecas romanas e na ausência quase total da atividade editorial na Europa, a igreja obtém, de fato, um monopólio sobre o conjunto da escrita e da informação. O povo é deixado propositadamente na ignorância, a leitura da Bíblia é desencorajada mesmo no caso de se ter acesso a um exemplar. Pouco a pouco, a igreja impõe o seu domínio sobre a sociedade. A inquisição, o celibato dos padres, o caracter obrigatório de casamento antes de qualquer relação sexual, são todas instituições que datam dessa época. É também nessa época que se desenvolve o que se tornará uma das mais ricas tradições cristãs: queimar pessoas vivas. Cerca de um milhão de "bruxos" serão torrados durante a Idade Média. As cidades concorrerão para tentar bater recordes de quantidade de bruxos queimados por ano. Um recorde imbatido foi estabelecido pela cidade de Bamberg, sede do episcopado, que conseguiu assar 600 feiticeiros num só ano.

Um grande número de membros da igreja atual ainda lamenta o fim dessa época, quando a igreja dominava totalmente a vida social. Religiosos (e outros) cristãos lembram com saudade, a "espiritualidade" da época, a arte que deu grande ênfase à morte - assunto que sempre apaixonou os cristãos, e a música envolvente.

Ano de 804
O imperador cristão Carlos Magno converte grande número de saxões, propondo-lhes a seguinte escolha: converter-se ao catolicismo ou serem decapitados. Vários milhares de cabeças caem, com a bênção da igreja: os sacerdotes presentes participam da jogada do imperador.

Século IX
Cisma do oriente. O patriarca de Constantinopla pretende que se deve utilizar o pão com levedura, para a Eucaristia. O Papa, bispo de Roma, afirma que se deve usar pão sem levedura. Com base neste problema de capital importância, a cristandade se divide, e os dois patriarcas, de Roma e de Constantinopla, se excomungam mutuamente. O Cisma vai provocar mortes até aos anos 90 (guerras nos Balcãs, ex-Iugoslávia, de católicos contra ortodoxos).

Ano de 1182
Os "pogroms" latinos de Constantinopla. Na cidade do piedoso patriarca que come pão levedado, estabeleceu-se, desde o início de século XII, uma colônia de mercadores "latinos", essencialmente originários de Veneza, Génova, Pisa e Amalfi. Mas essas pessoas têm tudo para desagradar aos prelados ortodoxos: além de utilizarem o pão sem levedura para a Eucaristia, fazem o sinal da cruz no sentido errado, da esquerda para a direita e não da direita para a esquerda! Os popes excitam a populaça e enfim, nos dias radiosos de maio de 1182, a multidão guiada pelos popes pegam os latinos: vários milhares deles, homens, mulheres e crianças são trucidados.

Séculos XI e XII
Em face do crescimento da população da Europa, a Igreja propõe um método de controle populacional "natural": as cruzadas. O apelo às cruzadas foi lançado em 1095. Em 1099 Jerusalém é "libertada": logo que as tropas cruzadas entraram na cidade, o governador muçulmano rendeu-se sob a promessa da população civil ser poupada. Claro, a totalidade da população (que compreende essencialmente judeus e muçulmanos) é passada pelas armas nas horas seguintes, mas com o cuidado de antes violentar todas a mulheres e decapitar as crianças. Estima-se em 70.000 o número de civis massacrados. A última fase do massacre passa-se nas sinagogas e mesquitas da cidade, onde os habitantes aterrorizados se refugiaram: pensam que o caracter religioso dos locais possam inspirar os piedosos cruzados à clemência. Nada disso acontece: os cruzados entram e transformam os locais de culto em vastas carnificinas. O massacre de milhares de civis amontoados na grande mesquita da esplanada do templo dura várias horas. "Tudo o que respira" na cidade foi morto, informam com orgulho os comandantes dos cruzados.

Ano de 1204
A 4a Cruzada fez uma parada em Constantinopla, na época a maior cidade cristã. Mas os cristãos sabem fazer entre eles o que fazem aos outros: durante três dias, Constantinopla foi posta a saque, com uma orgia de violências indescritíveis.

Anos de 1208 a 1244
Cruzada dos Albigences: por iniciativa do papa Inocêncio III, uma cruzada é preparada.
Em 1209, como alguns "hereges" se haviam misturado com a população de Beziers, o duque Simon de Monfort deu uma ordem que lhe assegurou a posteridade: "Matem-nos todos, deus reconhecerá os seus". Toda a população, homens, mulheres e crianças são passados pelas armas. A Provence e a região de Toulouse ficam muito despovoadas após essa guerra que é dirigida contra a população civil, com uma ferocidade sem precedentes desde as invasões bárbaras.

Anos de 1226 a 1270
Luís IX, rei de França. Finalmente um católico, de reputação piedosa e íntegra, acede à coroa de França. A igreja o canoniza em 1290, em reconhecimento de seus méritos que, ninguém duvida serem excepcionais. De fato, durante o seu reinado, São Luís lança duas cruzadas, que terminam as duas de modo catastrófico: pouco importa, é a intenção (de matar e de pilhar) que conta, aos olhos da misericordiosa igreja católica! No plano interno, São Luís faz de modo que a justiça puna de modo sistemático os blasfemeadores: são postos nos pelourinhos e têm as suas línguas atravessadas por ferros em brasa.

Ano de 1231
Fundação da Inquisição. O Santo Ofício, durante toda a sua história, queimou mais de um milhão de pessoas, essencialmente hereges, judeus e muçulmanos convertidos e também os "bruxos". A última feiticeira será queimada em 1788. O último "herege" chegará à sua vez em 1826. A inquisição e os seus imitadores protestantes queimam também médicos e cientistas, desde que haja uma oportunidade.

A igreja nunca se arrependeu dos atos da Inquisição e até garantiu a continuidade histórica da instituição até aos nossos dias, limitando-se apenas a mudar-lhe o nome: será necessário esperar que Pio X, em 1906, faça que o "Santo Ofício da Inquisição" seja renomeado como "Santo Ofício", e em 1965, para que seja rebatizado como "Congregação para a doutrina da fé". Enfim em 1997, o papa abre os arquivos do Santo Ofício, e historiadores escolhidos a dedo, são autorizados a fazer pesquisas. As estimativas do número total de vítimas da inquisição são então revistas para cima, havendo um consenso que roda hoje em torno de um milhão de pessoas executadas, ao qual é necessário acrescentar as inúmeras pessoas torturadas e com todos os seus bens apreendidos.

Ano de 1251
O papa Inocêncio IV autoriza enfim a inquisição a praticar a tortura. A obtenção das confissões de culpa é grandemente facilitada. A inquisição pode aplicar, com base em confissões arrancadas através de tortura, penas indo duma simples oração ou dum jejum até à confiscação dos bens e mesmo prisão perpétua. Mas ela não pode condenar à morte. Com a subtileza característica da igreja católica, a inquisição podia "passar" um herege para a justiça comum, que o levará à morte na fogueira, com base na confissão obtida pela igreja, mesmo com tortura. Essa subtilidade permitirá à igreja afirmar que ela nunca matou ninguém...

Anos 1347 a 1354
Em toda a Europa reina a Morte Negra, a primeira grande epidemia de peste no continente. Os prelados católicos logo descobriram os culpados: os judeus teriam envenenado os poços de água. Esse boato espalha-se por toda a Europa e inúmeros "pogroms" acontecem. Na Alemanha contam-se 350 comunidades judias totalmente destruídas pelos "pogroms", nesse período. Na Itália, em Milão, as autoridades civis e eclesiásticas, depois de terem executado no braseiro os "untori" judeus, inauguraram uma coluna comemorativa para lembrar o seu feito. Essa coluna passou à História com o nome de "Coluna infame", quando, no século XIX , o romancista Manzoni teve, em primeira mão, a coragem de denunciar esse monumento à perversão religiosa.

Ano de 1483
Tomás de Torquemada é nomeado Grande Inquisidor de Castela. Esse monge dominicano faz uma ampla utilização da tortura e da confiscação dos bens das vítimas. Estima-se em 20.000 o número de pessoas queimadas durante o seu mandato.

Ano de 1487
Dois monges dominicanos alemães, Jacob Sprenger e Heinrich Institoris publicam o "Malleus Malleficarum": trata-se dum espesso volume de 400 páginas que é um guia (claro que aprovado pela hierarquia católica) de caça às bruxas. Lá se pode aprender a identificá-las (p. ex. se uma mulher acariciar um gato preto e a centenas de metros alguém se sentir mal, etc), a torturá-las para as fazer confessar, e como os inquisidores podem se absolver mutuamente, depois duma sessão de tortura. A obra afirma também que negar a existência da feitiçaria é uma heresia muito grave, passível de morte na fogueira. Durante dois séculos e meio, na Alemanha, depois da publicação do Malleus Malleficarum, negar a bruxaria podia levar ao braseiro. O manual foi um "best-seller"...

Ano de 1492
O rei "muito católico" e a rainha "muito católica" (títulos dados pelo papa em pessoa!) de Espanha, expulsam os judeus. Eles podem escolher se converter, para então poderem ser justiçados pela inquisição (que queimará grande número deles) ou partir. Mais de 160.000 judeus saíram da Espanha. A hierarquia católica não fica indiferente a essa medida duma crueldade assustadora: ela aprova a medida, e o papa encoraja os outros soberanos europeus a se inspirarem no exemplo espanhol. Em toda a Europa os padres católicos se mobilizam para obrigar os governos a proibir a entrada dos judeus expulsos.

Os judeus que escolheram se converter são perseguidos pela inquisição com uma impressionante determinação: até ao século XVIII, far-se-á o "Teste da banha de porco" aos judeus convertidos e seus descendentes: uma salada com pedaços de carne e banha de porco é apresentada ao "convertido". Se for notado que ele não comeu a carne suína, será queimado como "falso convertido". Esse método será também aplicado aos muçulmanos e seus descendentes.

Se a expulsão dos judeus de Espanha foi a maior do gênero registrada na História, não foi a primeira. Na França, os prelados católicos tinham já conseguido a expulsão dos judeus em 1306, e que foi logo revogada, antes de ser confirmada em 1394. A Inglaterra já tinha procedido à expulsão em 1290. Em 1496, Portugal imita o seu poderoso vizinho, expulsando também os judeus.

Ano de 1493
O primeiro índio da América no paraíso. Quando Cristóvão Colombo, que teve o cuidado de levar um monge nas bagagens, chega à América, ele encontra os índios que ele descreverá como gente amigável e solícita. Prende 12 deles e os leva para Espanha. À chegada, um deles fica doente: antes da sua morte, é batizado rapidamente, o que permite a corte dos muito católicos reis exultar, porque um indígena do Novo Mundo acabava de entrar no paraíso cristão. Esta triste história marcará o início da trágica cristianização dos índios americanos, onde os episódios dos redutos do Paraguai e as perseguições aos índios Pueblo serão alguns dos mais trágicos.

Ano de 1499
Acontece neste ano o maior "auto da fé", que a História registra. Em um só auto de fé, o inquisidor Diego Rodrigues Lucero queima vivos nada menos que 107 judeus convertidos ao cristianismo, em Córdova.

Século XVI
O drama dos castrados. A igreja, que tinha proibido que mulheres cantassem no coral das igrejas, enfrenta um problema trágico: como não torturar os ouvidos dos piedosos prelados de cristo, privando-os das vozes sopranas, tão importantes nos coros para louvar o amor a deus? Uma solução bárbara é encontrada: castrar jovens meninos cuja voz tenha sido considerada bela. Nos corais da Santa Igreja católica não faltarão assim nunca os sopranos e contraltos...

Esta prática bárbara só terminará em 1878, por ordem do Papa Leão XIII. Mas é mantida ainda durante o século XIX, ao ponto de Rossini, quando ele compôs a "Pequena missa solene", escrever, com naturalidade, que serão suficientes para executá-la, "um piano e uma dúzia de cantores dos três sexos, homens, mulheres e castrados".

Ano de 1506
"Pogrom" de Lisboa: 3000 judeus são trucidados pelos piedosos católicos, incitados pelos prelados.

Século XVI
Júlio II della Rovere, papa. Hábil chefe militar, ele veste uma armadura durante a missa, quando um monge insolente lhe diz que o traje não é conveniente. "Quando se trata de conquistar terras, deus não faz questão do traje, mas da fé do seu servidor", lhe responde, passando assim à História. Deus lhe permitiu, de fato, conquistar a cidade de Bolonha, que foi, como deveria, posta a saque.

Ano de 1521
Inspirado pelo Espírito Santo, que aparentemente não tinha que fazer, um monge alemão, Martin Luther, traduz do latim o "Novo Testamento", em algumas semanas. O diabo acaba de o tentar: Lutero não encontra coisa melhor a fazer do que lançar sobre ele um tinteiro, que suja a parede. Essa mancha está religiosamente preservada para os turistas do castelo de Wartburg.

O acontecimento pareceria insignificante. Mas não é, pois ele inaugura o maior cisma da cristandade: durante os séculos seguintes, os cristãos vão-se massacrar mutuamente ainda com mais entusiasmo do que quando eles matavam e queimavam os não-cristãos, os hereges, as bruxas, os judeus e muçulmanos convertidos, etc.
Lutero escreverá e dirá diversas vezes que era necessário queimar as sinagogas e escorraçar os judeus das cidades: ele se situa assim dentro da tradição dos pais da igreja católica, e que será mantida até ao século XIX pela inquisição e depois no século XX pelos camisas castanhas (seguidores de Mussolini).

Ano de 1527
Saque de Roma. Os soldados protestantes massacram a totalidade da população de Roma, umas 40.000 almas, e pilham a cidade. O papa é salvo pelos guardas suíços. Ele se fecha com eles no Castelo de Santo Ângelo, enquanto a população é massacrada. Ele passou um grande medo. Os suíços ganham assim uma fama profissional no estrangeiro, o que se perpetua até hoje.

Ano de 1553
Calvino, que condena os excessos da Igreja Católica, faz decapitar o livre-pensador e médico Michel Servet, que havia descoberto a circulação sanguínea. Esse é somente um dos 15 hereges que o reformador fez executar durante a sua ditadura sobre Genebra.

Calvino tem um papel muito ativo na prisão e depois na condenação à morte de Michel Servet. Primeiro ele troca correspondência com ele e depois que o médico, fugindo da inquisição, chega a Genebra, manda-o prender. Calvino havia dito a seu amigo, o reformador Farel, que se Servet entrasse em Genebra, de lá não sairia vivo. Ele manteve a sua promessa e interveio pessoalmente no julgamento pedindo a sua execução. A única clemência dada a Servet foi de decapitá-lo em vez de ser queimado vivo.

Ano de 1571
A invenção da imprensa permite que um número crescente de pessoas se informe. A igreja reage criando o Índex (Index Additus Librorum Prohibitorum): essa instituição editava regularmente a lista dos livros proibidos. A última edição do índex foi publicada em 1961.

Anos de 1566 a 1572
Pio V, papa. Este santo da igreja católica, vangloria-se publicamente diversas vezes de ter, durante a sua carreira de inquisidor, colocado fogo com suas próprias mãos de mais de 100 fogueiras de hereges que ele mesmo acusara, confundira e condenara.
Publica também uma nova edição do catecismo oficial da igreja, no qual o amor ao próximo e a misericórdia ocupam um lugar importante.

Anos de 1547 a 1593
Guerras de religião na França. As sub-seitas cristãs entregam-se a uma guerra civil sem perdão, interrompida por diversas pazes e tréguas temporárias. Durante uma delas, teve lugar o massacre de 20.000 protestantes, homens, mulheres e crianças, numa só noite, a tristemente célebre Noite de S. Bartolomeu (1572).

Fim do século XVI até ao início do século XVIII
Conversão forçada dos índios Pueblo. Subindo pela costa do golfo do México, os exploradores espanhóis, sempre acompanhados de monges e padres, entram em contato com a tribo dos Pueblo, no território que hoje pertence ao estado americano do Novo México: diferentes dos índios nômades das planícies do Norte e doutros indígenas mais combativos que os espanhóis encontraram no México e na América do Sul, os índios Pueblo vivem em aldeias (los pueblos) de casas de tijolos com 2 ou 3 andares, são pacíficos e praticam a agricultura. Seguem uma religião na qual se venera o "Pai do Céu" e a "Terra Mãe", temem os demônios (os Skinnwalkers) que andam pela crista das montanhas ao pôr do sol, veneram os corvos como reincarnação dos seus antepassados. Eles têm também um rico templo de deuses semelhantes aos dos gregos, sendo o seu deus principal a mulher-aranha. As cerimônias são celebradas em pequenas igrejas familiares, as Kivas. Estes pacíficos agricultores logo se tornam o objeto das atenções dos padres espanhóis, impacientes por substituir o culto ao Pai Céu e da Mãe Terra por aquele de cujo deus se bebe o sangue durante as cerimônias: os pajés índios são acusados de bruxaria e executados. As Kivas são destruídas pelos militares hispânicos. Os cultos religiosos tradicionais são proibidos, sob pena de mutilação. Índios surpreendidos a celebrar uma cerimônia tradicional terão um braço ou um pé cortados. Apesar disso tudo, alguns índios continuarão a fazer os seus cultos, em segredo e à noite. Os padres católicos usarão esse fato nos seus sermões e que os índios ainda hoje citam com amargura: os padres diziam que a religião dos índios era a das trevas, pois era sempre à noite, enquanto que o cristianismo era a religião da luz, pois se come a carne e se bebe o sangue do deus cristão em pleno dia... Diversas revoltas sangrentas pontuam a cristianização dos Pueblo. Essa perseguição religiosa só cessará depois da anexação do território pelos EUA, em 1847.

Ano de 1600
Giordano Bruno é queimado vivo em Roma, condenado por heresia. Ele havia ousado definir o Universo como infinito e admitido a hipótese da existência de formas de vida fora da Terra. Era demais para a igreja. Depois de 8 anos de processo, durante o qual lhe são arrancadas confissões, sob tortura, ele é condenado à morte como "herege obstinado e ímpio". Ele se defende tentando mostrar que as suas idéias não estão em contradição com as doutrinas cristãs, mas em vão. Ele foi queimado vivo, em público, em Roma, no Campo dei Fiori. Tiveram o cuidado de lhe cortar a língua antes de o enviar ao local da execução, para evitar todo o risco de que as suas palavras não emocionassem a multidão que veio assistir ao espetáculo. O seu principal acusador, o cardeal Bellarmino, será mais tarde canonizado e em 1930, proclamado "Doutor da Igreja".

É interessante notar que, se no caso de Galileu, a igreja católica expressou o seu arrependimento no fim do séc. XX, com a sua reabilitação em 1992, nunca se arrependerá da execução de Bruno. Pelo contrário, ela se opôs com veemência à instalação duma estátua de Giordano Bruno, em 1889. Em 1929, o papa pediu a Mussolini para que destruísse essa estátua, antes de canonizar e depois nomear "Doutor da igreja" o cardeal Roberto Bellarmino, acusador de Giordano Bruno.

Ano de 1609
Expulsão dos mouros de Espanha. Depois da expulsão dos judeus de Espanha, a inquisição se aborrecia um pouco nesse belo país. Lança então a caça aos "morescos", os árabes convertidos ao cristianismo. Há a suspeita de serem falsos convertidos e são executados todos os que se recusam a beber vinho ou comer carne de porco, ou que sejam limpos demais. Com efeito, o Islamismo, contrariamente ao cristianismo, prescreve lavagens periódicas. A higiene nunca foi tão perigosa como no séc. XVI em Espanha! Enfim, em 1609, temendo talvez ter deixado passar alguns falsos convertidos, a inquisição consegue do rei a expulsão dos "morescos" para o Norte da África. O número dos expulsos é mal conhecido: as estimativas variam entre 300.000 e 3.000.000. Os expulsos chegam a terras islâmicas, onde o Corão prevê a pena de morte para os que renegaram Mahomé...

Ano de 1633
Processo de Galileu. Por ter duvidado da teoria geocêntrica de Ptolomeu, (que diga-se de passagem, não era cristão), Galileo Galilei é obrigado a retratar-se: são-lhe mostrados os instrumentos de tortura que seriam usados se ele insistisse. O processo de Galileu só foi reaberto para revisão pelo papa João Paulo II, e Galileu é reabilitado em 1992.
As suas obras já tinham sido colocadas no Índex em 1616. Passará o resto da sua vida confinado na sua casa (prisão domiciliar). Foi a sua reputação internacional de cientista que lhe evitou consequências mais graves.

Anos de 1618 a 1648
Guerra dos 30 anos. Os muito católicos reis de Habsbourg, forçam a conversão dos seus súbditos protestantes da Boémia, iniciando a maior guerra que o continente europeu tinha conhecido. A população da Alemanha é reduzida à metade. Numerosas cidades são devastadas. Epidemias de peste assolam toda a Europa Central, desde a Lombardia à Prússia.

Trata-se realmente duma guerra religiosa, embora as igrejas tenham tentado fazer crer que se tratava dum conflito político: a guerra iniciou-se por conflitos religiosos e pela ação de reis estrangeiros, como Gustavo II da Suécia, que intervieram por razões de convicção religiosa. O caso de Gustavo II é particularmente significativo, pois obrigava os seus soldados a cantar canções religiosas todas as noites, embora eles fossem uns terríveis saqueadores. O exército sueco ganhou o título de "Schrecken des Krieges", pela população alemã, que teme a pilhagem dos suecos ainda mais do que as feitas pelos exércitos dos Habsbourg.

Segunda metade do séc. XVIII
O assunto das reduções do Paraguai. Este caso é particularmente interessante, pois aqui os católicos se massacram e se excomungam entre eles. Os jesuítas haviam estabelecido no Paraguai um pequeno império particular feito de reduções (redutos), ou seja pequenas aldeias fortificadas na floresta, onde viviam os índios convertidos ao cristianismo, mas uma correção das fronteiras coloca alguns desses redutos em território português. Ora, Portugal, país católico e cristão, mantém na época a tradição da escravatura: os portugueses pensam então roubar aos jesuítas os índios para depois vendê-los como escravos.
O papa intervém, excomunga os jesuítas das reduções. Depois, um exército, com os canhões e espadas benzidas pelos padres de serviço, ataca as reduções, massacra os jesuítas e toma os índios como escravos. Um Te Deum solene celebra a vitória, como deve.
Pouco depois o papa interdita a ordem dos jesuítas, culpada de ser muito inteligente e racional, e sobretudo de não ter servido com lealdade a família de Bourbon, reis de França e de Espanha, monarcas absolutos e grandes amigos da igreja católica.

Ano de 1766
Em pleno século das luzes, um jovem de 19 anos, o Cavaleiro de la Barre, passa "a vinte passos duma procissão, sem tirar o chapéu". É preso e torturado. Finalmente é decapitado depois de lhe terem cortado a língua. O seu corpo é depois colocado sobre uma fogueira e queimado junto com um exemplar do Dicionário Filosófico de Voltaire, diante duma multidão entusiasmada.

Ano de 1788
No Cantão de Glaris, na Suíça, a última bruxa foi queimada.
Esta execução da Inquisição não foi a última, e continuará queimando hereges até 1826.

Ano de 1793
Kant, professor de Filosofia em Konigsberg e estrela internacional da filosofia moderna, depois da publicação da "Crítica da Razão Pura", publica "A religião nos limites da Razão", onde ele coloca as doutrinas cristãs à prova do raciocínio e do "imperativo categórico". É demais para os piedosos reis da Prússia, que empurrado pelos prelados protestantes, intervém e Kant é forçado a retratar-se publicamente, sob pena de perder imediatamente o seu posto na universidade de Konigsberg. Todos os professores universitários são obrigados a assinar, sob pena de dispensa imediata, um documento onde prometem não citar os ensinamentos de Kant com relação à religião. Como no caso de Galileu, a fama internacional de Kant o salva de consequências mais severas. Kant ainda pensa em se exilar, mas neste fim de século, há poucos céus clementes para pensadores que ousaram criticar aspectos da ideologia cristã. Assim acabará os seus dias em Konigsberg.

Ano de 1826
 O último herege é queimado vivo, pela inquisição espanhola. Uma rica tradição cristã termina. Daí para a frente, a igreja recorrerá a meios mais sutis para matar, como proibir a assistência a mulheres que devem abortar, sabotando o planejamento familiar nos países pobres, proibindo os preservativos como modo de lutar contra a Aids-Sida, etc.

Ano de 1847
Guerra do Sonderbund. A Suíça é dilacerada por uma guerra religiosa. Os cantões católicos, cujos governos estão muito influenciados pelos conselheiros jesuítas, fundam uma aliança militar - o Sonderbund, que exige a anexação aos cantões católicos de regiões maioritariamente protestantes. Chamam os monarcas católicos da Áustria em seu auxílio, depois iniciam as hostilidades. Somente uma vitória rápida das tropas federais/protestantes permitiu evitar uma intervenção austríaca, que levaria a um conflito de extensão européia.

Os protestantes por seu lado, encetam uma feroz "Caça aos católicos", nos campos de Genebra.
Os jesuítas, considerados responsáveis pela guerra, são expulsos da Suíça, e essa expulsão valerá até 1970.

Ano de 1848
A população de Roma revolta-se contra a ditadura papal. O papa é expulso. Volta ao poder em 1849, devido à ação das tropas francesas enviadas por Luís Napoleão Bonaparte, presidente da república francesa. Os opositores são fuzilados. O Estado da Igreja volta a ser uma monarquia absoluta, cujo soberano é o papa.

Ano de 1871
O papa excomunga todo aquele que participar de qualquer eleição do estado italiano, que é classificado como "diabólico", porque retirou aos papas o seu poder temporal. Essa sentença de excomunhão automática não impedirá o papa de abençoar, alguns anos depois, a fundação do "Partito populare", de inspiração católica e fundado por um padre.

Ano de 1881
Os "Pogroms" russos começam. Incitados pelos prelados ortodoxos, que difundiram um boato que o Czar Alexandre II teria sido assassinado por um judeu, multidões se juntam em mais de 200 cidades russas e destroem os bens dos judeus. Os pogroms tornar-se-ão comuns na piedosa Rússia Czarista, sobretudo entre 1908 e 1917. O mais violento dentre eles teve lugar em Kishinev, em 1913: as autoridades civis e religiosas da cidade incitam a multidão que ataca violentamente os judeus. durante dois dias a multidão mata 45 judeus, fere 600 e pilha 1500 casas. Claro que os responsáveis (popes e políticos) nunca serão incomodados pela justiça.

Ano de 1889
Numa Roma livre do jugo papal, no dia 9 de junho, é inaugurada a estátua de Giordano Bruno, no Campo das Flores. O papa Leão XIII, sofredor, passará o dia todo de jejum aos pés da estátua de S. Pedro. A imprensa católica dispara: fala de "orgia satânica", descrevendo a manifestação da inauguração, o "triunfo da sinagoga, dos arquibandidos da Maçonaria, dos chefes do liberalismo demagógico", "o máximo da ignorância e da malignidade anti-clerical".

Anos de 1918 a 1945
Os anos do compromisso. A igreja católica apóia ativamente o crescimento dos totalitarismos na Europa. Na Áustria, o seu apoio ao Austro-Fascismo é total. Na Itália, ela assina com o regime fascista uma concordata que faz do catolicismo a religião de estado: os italianos podem de novo votar sem serem excomungados, pena que isso de pouco serve em período de ditadura. A igreja sacrifica em grande parte as suas próprias associações: todas, exceto a Ação Católica, devem integrar as organizações fascistas. O Vaticano promete a Mussolini de fazer com que a AC não se deixe tentar por ações antifascistas.

Em 1929, Mussolini, depois de ter assinado a concordata dita "Patti Lateranensi", é qualificado pelo papa como "o homem da providência". Em 1932, o ditador recebe das mãos do papa, a Ordem da Espora de Ouro, que é a mais alta distinção concedida pelo Estado do Vaticano.

Essa bela harmonia vai resistir mesmo ao momento de tensão causado pela estátua de Giordano Bruno. O papa aproveita a concordata para pedir ao seu amigo ditador que destrua a estátua erigida em 1889. O ditador, que tem um filho com o nome de Bruno, toma a defesa do livre-pensador e declara à Câmara de Deputados "A estátua de Giordano Bruno, melancólica como o destino desse monge, ficará onde ela está. Tenho a impressão que seria se encarniçar contra esse filósofo que, se equivocado e persistiu no erro, no entanto já pagou". Para mostrar que não se arrepende de nada, a igreja canoniza então Roberto Bellarmino, o acusador de G. Bruno, nomeando-o "Doutor da Igreja".

Na Alemanha, em janeiro de 1933, o Zentrum, partido católico, cujo líder é um prelado católico (Pralat Kaas), vota plenos poderes para Hitler: este último pode assim atingir a maioria de dois terços necessária para suspender os direitos garantidos pela Constituição. Com uma caridade toda cristã, o bom prelado aceita também fechar os olhos para os discutíveis processos nazistas, como a prisão dos deputados comunistas antes da votação. Depois a igreja começa a negociar uma nova concordata com a Alemanha: nesse cenário, ela sacrifica o Zentrum, então o único partido significativo que os nazistas não tinham proibido. Na realidade ele tinha-o ajudado a chegar ao poder. Em 5 de julho de 1933, o Zentrum se dissolve sob solicitação da hierarquia católica, deixando o caminho livre para o NSDAP de Hitler, então partido único.

Hitler declara-se católico no "Mein Kampf", o livro onde ele anuncia o seu programa político. Também afirma que está convencido ser ele um "instrumento de deus". A igreja católica nunca colocou no seu Índex o "Mein Kampf", mesmo antes da ascensão de Hitler ao poder. Podemos acreditar que o programa anti-semita do futuro chanceler não desagradava à igreja. Hitler mostrará o seu reconhecimento tornando obrigatória uma prece a Jesus nas escolas públicas alemãs, e reintroduzindo a frase "Gott mit uns" (Deus está conosco) nos uniformes do exército alemão.

Em 1938, as SS e SA organizam a "Noite de Cristal": com trajes civis, os milicianos nazistas atacam sinagogas e lojas pertencentes a judeus. A população alemã está horrorizada e aterrorizada. O bispo de Freiburg, monsenhor Gröber, declara então, em resposta às perguntas sobre as leis racistas e os pogroms da noite de cristal: "Não podemos recusar a ninguém o direito de salvaguardar a pureza da sua raça e de elaborar medidas necessárias a esse fim".
 
Na Espanha, um general tenta um golpe de estado militar, que aborta mas degenera em guerra civil. A igreja o apoia, padres e bispos benzem os canhões de Franco, celebram com muita pompa Te Deum pelas suas vitórias contra o governo republicano legítimo. A guerra faz mais de um milhão de mortos, e Franco fuzila todos os prisioneiros. Franco se mostrará reconhecido por seus piedosos aliados, nomeando diversos membros da Opus Dei para o seu governo. A influência da Opus Dei crescerá ao longo da ditadura franquista, ao ponto de se chegar a mais de metade dos ministros serem membros dessa venerável instituição católica.

Na França, a igreja declara, desde 1940, que "Petain é a França": ela prefere de fato o Trabalho-Família-Pátria do estado francês às Liberté-Égalité-Fraternité da República, que sempre a horrorizaram.

Durante a 2a guerra mundial, o Vaticano estava ciente do extermínio dos judeus pelos nazistas. Saber-se-á, após a guerra, que o papa diversas vezes esteve para fazer um pronunciamento público, mas que finalmente se absteve essencialmente pela sua comunistofobia e achando que uma vitória russa seria "pior". No entanto ele chorou em 1942, junto às ruínas de Roma, bombardeada pelos aliados. Também ele se esquece de mencionar que o seu aliado político Mussolini tinha solicitado a Hitler para ter "a honra de participar dos bombardeamentos sobre Londres", é verdade que o papa não habitava em Londres...

Ano de 1948
O papa declara que todo aquele que votar nos comunistas ou que ajudar esse partido de qualquer maneira, será automaticamente excomungado. Essa medida divide as famílias, provoca exclusões socialmente intoleráveis para muitos e obriga à clandestinidade de numerosos comunistas nas zonas rurais.

Os curas italianos apressaram-se a traduzir essa decisão em fatos, e pedem que as suas ovelhas votem no grande partido anticomunista (DC - Democrazia Cristiana). O partido DC vai-se afundar logo em seguida na corrupção generalizada nos anos 90.

Ano de 1961
Última edição do índex (Índex Additus Librorum Prohibitorum), que cita como autores cujas obras são proibidas de leitura pelos católicos entre outros: Jean-Paul Sartre, Alberto Moravia, André Gide.

Anos 80
Depois de um período de aparente liberalização, o papa João Paulo II chega à cabeça da maior seita do mundo e rende-se às mais terríveis tradições da igreja.

A sua condenação do preservativo, como modo de luta contra a Aids-Sida, provoca um grande número de mortos, difícil de estimar. Pratica uma política ativa de sabotagem às medidas de controle da natalidade no terceiro mundo. As consequências são difíceis de contabilizar, mas podem-se medir em termos de fome, miséria, criminalidade e falta de assistência médica nos continentes mais pobres - América do Sul e África.
Na sua caça aos hereges, o papa suspende "A divinis", dois teólogos alemães que tinham ousado duvidar, um da infalibilidade papal e outro da imaculada concepção de Maria.

Anos 90: guerras de religião na Iugoslávia
A Iugoslávia era, nos anos 80, uma das terras favoritas para férias balneares dos europeus. A publicidade iugoslava da época vendia o caráter multireligioso do país como um argumento turístico, pois se podia ver em Mostar e em outras belas cidades, as mesquitas e as igrejas lado a lado. Mas o país se afundou numa série de guerras civis que se querem descrever como guerras "étnicas", quando na verdade se trata de guerras religiosas. O caso da guerra da Croácia é o mais flagrante. Sérvios e croatas têm a mesma origem étnica e até a mesma língua, o Croata-servo. O mais irônico é que o croata-servo (servo-croata, escrito em caracteres latinos), é hoje a língua oficial dos soldados do exército Iugoslavo que combateu em Kosovo contra a OTAN, depois de ter lutado contra os croatas no início dos anos 90. Mas a religião separa os croatas dos Sérvios: os croatas foram cristianizados por Roma e são católicos. Os sérvios foram cristianizados pelos bizantinos e são ortodoxos. Quando Milosevitch começa a agitar o espectro da "Grande Sérvia", a Croácia declara a independência. Imediatamente o Vaticano e a R. F. da Alemanha cujo chanceler se declarava um católico convicto, reconhecem a Croácia católica como estado independente. O Vaticano mandou para todo o mundo anúncios para que os países reconhecessem o novo estado católico. O papa multiplica os apelos, as preces e as missas pela independência da Croácia. Durante esse tempo, o ditador croata, antigo oficial superior do regime comunista e também católico praticante, deu férias para todos os seus funcionários ortodoxos, isto é, sérvios. Depois escolheu como bandeira nacional a antiga insígnia dos Oustachis, que entre 1940 e 44 tinham praticado um genocídio de cerca de 600.000 sérvios. A guerra civil iniciou-se.

Finalmente termina essa guerra, e o papa beatifica o cardeal Stepinac que havia qualificado Ante Palevitc, o ditador Oustachi durante a ocupação de 1940/44, de "Dom de deus", para a Croácia e o havia apoiado ativamente.

A guerra da Iugoslávia continuou depois na Bósnia, onde os membros dos três grupos religiosos (ortodoxos, muçulmanos e católicos) se enfrentaram em uma série de combates triangulares, tendo a população civil como a principal vítima. Depois a guerra passou para o Kosovo, província agrícola sem interesse estratégico, e todos sabemos o que se passou.
As guerras da Iugoslávia são um caso emblemático da catastrófica intolerância que é típica das religiões "reveladas": as comunidades religiosas se enfrentam, neste final de século, em nome de religiões que elas receberam dos acasos da expansão dos diversos impérios (Romano, Bizantino e Otomano) desde a idade-média.
***

Notas do Tradutor (Cassy Beski)
1 - Que falta de conhecimentos sanitários!
2 - Para evitar problemas de herança, dos bens da Igreja.
3 - ...do Maranhão, é esse mesmo!
4 - Dominicanos e franciscanos dominavam a Inquisição.
5 - No Brasil também interditou e puniu diversos padres mais ousados, como Leonardo Boff.



quarta-feira, 11 de abril de 2012

QUEM FOI NIKOLA TESLA?

[Nota do tradutor: este texto, cujo título é QUEM FOI NIKOLA TESLA?, é composto de três artigos diferentes]



I - Nikola Tesla, Gênio Humanitário

Excerto do vol. 6, no. 4, "Power and Resonance", do "Journal of the International Tesla Society". Para maiores informações sobre os tópicos discutidos abaixo: The Tesla Book Co.", Box 1649, Greenville, Texas 75401[nota do texto em inglês].

Pergunte a qualquer garoto de uma escola: "quem inventou o rádio?". Se você obtiver uma resposta, ela será sem dúvida Marconi – uma resposta com a qual as enciclopédias e os livros de texto concordam. Ou faça uma outra: "quem inventou os materiais que compõem sua tostadeira, seu som estéreo, a iluminação pública, e permite às fábricas e escritórios funcionarem? Sem hesitação, Thomas Edison, certo? Errado em ambos os casos. A resposta correta é Nikola Tesla, uma pessoa que você provavelmente nunca ouviu falar. Há mais. Parece que ele descobriu os raios-X um ano antes que W. K. Roentgen o fizesse na Alemanha, ele construiu um amplificador a válvula antes de Lee de Forest, estava usando luzes fluorescentes em seu laboratório 40 anos antes que a indústria os "inventasse", e demonstrou os princípios usados nos fornos de microondas e radar décadas antes que eles se tornassem uma parte integral de nossa sociedade. Não obstante, não associamos o seu nome com nenhum deles.

Por cerca de 20 anos na virada do século, ele foi conhecido e respeitado nos círculos acadêmicos mundiais, correspondeu-se com físicos eminentes de sua época, incluindo-se Albert Einstein, foi citado e consultado em matéria de ciência elétrica, adotado pela alta sociedade de Nova Iorque, respaldado por gigantes das finanças e da indústria tais como J. P. Morgan, John Jacob Astor e George Westinghouse. Teve como amigos eminentes artistas, tais como Mark Twain e o pianista Ignace Paderewski. Contam-se às dúzias os seus graus honoríficos, prêmios (inclusive o Nobel) e outras citações.

Tesla nasceu em Smijlan, Croácia, em 1856, filho de um clérigo e de uma inventiva mulher. Ele tinha uma extraordinária memória, que tornou-lhe fácil aprender seis idiomas. Entrou para a Escola Politécnica em Gratz, onde por quatro anos estudou matemática, física e mecânica, confundindo mais de um professor pela sua extrema compreensão da eletricidade, uma ciência ainda na infância, naqueles dias. Sua carreira prática começou em Budapeste, Hungria, em 1881, onde fez sua primeira invenção elétrica, um telefone repetidor (um alto-falante comum), e concebeu a idéia de um campo magnético rotativo, o qual mais tarde tornou-o mundialmente famoso, na forma de um moderno motor de indução. O motor de indução polifásico é que fornece energia para virtualmente todas as aplicações industriais, de correias transportadoras a guinchos para máquinas operatrizes.

As habilidades mentais de Tesla requerem alguma menção, desde que, não somente ele tinha uma memória fotográfica, como também possuía a habilidade de usar uma visualização criativa com uma intensidade fantástica. Ele descreve em sua autobiografia, quão hábil ele era para visualizar um aparato em particular, testá-lo realmente, desmontá-lo e checá-lo, para que funcionasse na prática! Durante a fabricação de suas invenções, ele trabalhava com todos os planos e especificações em sua cabeça. O invento, após ser montado sem nenhuma modificação, funcionava perfeitamente. Tesla dormia apenas uma ou duas horas por dia, e trabalhava continuamente em suas invenções e teorias sem descanso e sem tirar férias. Podia avaliar as dimensões de um objeto ao centésimo de polegada, e realizar difíceis cálculos em sua cabeça, sem ajuda de régua de cálculo ou tábuas matemáticas. Muito longe de ser um intelectual em sua torre de marfim, ele tinha muita consciência do mundo à sua volta, fazia questão de tornar acessíveis as suas idéias ao público em geral, através de freqüentes artigos escritos para os jornais, e em seu próprio âmbito, através de palestras e artigos científicos.

Ele decidiu vir para este país (EUA) em 1884. Trouxe com ele vários modelos dos primeiros motores de indução, que depois de um breve e infeliz período trabalhando para Edison, foram mostrados a George Westinghouse. Foi nas oficinas de Westinghouse que o motor de indução foi aperfeiçoado. Numerosas patentes foram tiradas desta invenção inicial, todas sob o nome de Tesla.

Tesla trabalhou brevemente para Thomas Edison quando veio para os estados Unidos, criando muitos melhoramentos nos motores e geradores de C.C. [corrente contínua] de Edison, mas deixou-o após muitas controvérsias, e de Edison ter-se recusado a honrar suas promessa de pagar bônus e direitos. Este foi o começo de uma rivalidade que veio a ter péssimas conseqüências mais tarde, quando Edison e seus financiadores fizeram tudo ao seu alcance para deter o desenvolvimento e a instalação do sistema de Tesla, muito mais eficiente e prático, de distribuição de energia urbana através de energia de C.A. [C.A. - corrente alternada. É curioso que Edison fez com Tesla o mesmo que os antigos fornecedores de iluminação pública à gás fizeram contra ele, tentando desprestigiá-lo e ao seu invento: a iluminação pública por C.C. – N.T.]. Edison levou às cidades um tipo de show no qual tentava retratar a C.A. como perigosa, chegando ao ponto de eletrocutar animais pequenos e grandes (em um caso, um elefante) perante grandes audiências. Como resultado desta campanha de propaganda, o estado de Nova Iorque adotou a eletrocussão por C.A. como método para executar condenados. Tesla ganhou a batalha, ao demonstrar a segurança e a utilidade da C.A., quando iluminou e forneceu eletricidade à Feira Mundial de Nova Iorque de 1899.

O mais importante trabalho de Tesla ao final do século dezenove foi um sistema original de transmissão de energia através de antena. Em 1900, Tesla obteve suas duas patentes fundamentais sobre transmissão de energia sem fio, que envolviam o uso de quatro circuitos sintonizados. Em 1943, a Suprema Corte dos Estados Unidos concedeu a Nikola Tesla plenos direitos sobre a patente de invenção do rádio, substituindo e anulando qualquer reclamação anterior de Marconi e outros, em relação à "patente fundamental do rádio". É interessante notar que Tesla, em 1898, descreveu não somente a transmissão da voz humana, mas também de imagens, e posteriormente projetou e patenteou dispositivos que envolviam as fontes de energia que fazem funcionar os tubos de TV atuais. As primeiras e primitivas instalações de radar, em 1934, foram construídas seguindo os princípios, principalmente os relativos a freqüência e potência, já descritos por ele em 1917.

Em 1889 Tesla construiu uma estação experimental em Colorado Springs, onde ele estudou as características da alta freqüência, ou de freqüências de rádio em corrente alternada. Lá ele desenvolveu um potente rádio transmissor em um projeto singular, e também um número de receptores "para individualizar e isolar a energia transmitida". Ele realizou experiências para estabelecer as leis da propagação das ondas de rádio, as quais estão atualmente sendo "redescobertas", e mesmo verificadas, após alguma controvérsia, nas altas energias da física quântica.

Tesla escreveu em "Century Magazine" de 1900: "...que a comunicação sem fio para qualquer ponto do globo era possível. Minhas experiências mostraram que o ar em sua pressão normal torna-se um condutor, e isto abre um panorama maravilhoso para a transmissão de grandes quantidades de energia elétrica para propósitos industriais a grandes distâncias sem o uso de fios... sua realização prática poderia significar que a energia estaria disponível ao uso humano em qualquer ponto do globo. Não posso conceber nenhum avanço técnico que poderia, melhor do que este, unir toda a humanidade, ou que poderia mais e mais economizar a energia humana... ". Isto foi escrito em 1900! Depois que terminou os testes preliminares, o trabalho começou em uma estação tamanho gigante em uma praia recuada de Long Island. Tivesse entrado em operação, ela poderia prover enormes quantidades de energia elétrica para os circuitos receptores. Depois da construção de um prédio de geração (ainda de pé) e uma torre de transmissão de cerca de 55 metros de altura (dinamitada durante a Primeira Guerra Mundial, sob o dúbio pretexto de ser uma referência potencial para a navegação de barcos alemães, os U-boats), o suporte financeiro para o projeto foi repentinamente cortado por J. P. Morgan, quando tornou-se manifesto que tal projeto de fornecimento de energia não poderia ser medido e nem cobrado.

Uma outra das invenções de Tesla, que é familiar a qualquer um que já tenha possuído um automóvel, foi patenteada em 1898 sob o nome de "ignição elétrica para motores a gasolina". Mais comumente conhecida como o sistema de ignição do automóvel, seu principal componente, a bobina de ignição, permanece praticamente sem mudanças desde o seu aparecimento, na virada do século.

Nikola Tesla também projetou e construiu protótipos de uma máquina rotativa por queima de combustível incrível, baseada em um projeto anterior de uma bomba rotativa. Testes recentes que tem sido realizados na turbina a disco sem hélice indicam que, se construída usando materiais cerâmicos para alta temperatura recentemente desenvolvidos, colocar-se-ia entre os mais eficientes motores a gasolina do mundo, sobrepujando nossos atuais motores de combustão interna a pistão, em economia, longevidade, adaptabilidade a diferentes combustíveis, e relação custo/potência.

A generosidade de Tesla eventualmente deixou-o sem fundos suficientes para prosseguir realizando as suas invenções. O seu idealismo e humanismo deixavam-no desanimado com as intrigas do mundo industrial e financeiro. Seu laboratório de Nova Iorque foi destruído por um incêndio misterioso. Referências ao seu trabalho e às suas realizações foram sistematicamente expurgadas da literatura científica e dos livros de texto. Levado a um exílio fechado em um hotel de Nova Iorque entre as duas guerras, 20 anos de uma potencialmente rica e produtiva contribuição foram tiradas de nós. As únicas ocasiões em que aparecia em público eram nas entrevistas anuais à imprensa na data de seu aniversário, que ele descreveria invenções espantosas e de grande alcance, e sobre as possibilidades da tecnologia. Elas eram distorcidas pela imprensa sensacionalista, particularmente quando ele descrevia sistemas de armas avançadas às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Morreu na obscuridade em 1943. Somente o FBI percebeu: eles vasculharam seus papéis (em vão) procurando pelo projeto da "máquina do raio da morte". É interessante notar que a motivação para nosso sistema de defesa "Guerra nas Estrelas" foi baseado no receio de que os soviéticos tivessem começado a empregar armas baseadas nos princípios de alta energia de Tesla. Relatos públicos de "ofuscamento" de satélites de vigilância dos EUA, bolas de fogo e relâmpagos anômalos a altas altitudes, interferências de ondas de rádio ELF [Extremely Low Frequency - Freqüência Extremamente Baixa (geralmente, abaixo de 300 Hz) - N.T.], e outros casos, emprestaram crédito a esta interpretação.

Créditos devem ser dados onde eles são devidos, [ou seja,] para as invenções humanitárias e que poupam o esforço humano, tais como a máquina universal de C.A., que foi verdadeiramente incorporada à nossa vida diária, como também àqueles que estão à disposição, mas que não tem sido largamente utilizados pela sociedade.

II - Pequena História de Nikola Tesla

Excerto do vol. 6, no. 4, "Power and Resonance", do "Journal of the International Tesla Society". Para maiores informações sobre os tópicos discutidos abaixo: The Tesla Book Co.", Box 1649, Greenville, Texas 75401 [nota do texto em inglês].

Este é um arquivo destinado a corrigir enganos e desinformações que vem ocorrendo há vários anos, sobre quão supostamente "grande" Edison foi, e como Nikola Tesla foi varrido para debaixo do tapete do poderio capitalista.

Edison era um ladrão, empregando toda espécie de pessoas para pensarem por ele; ele roubava suas invenções, suas idéias, tanto ou mais, e não está claro hoje o que Edison realmente inventou, e o que foi roubado de outros.

O Instituto Elétrico Edison (Edison Electric Institute) foi formado para perpetuar a noção de que Edison foi o inventor do gramofone, e ter certeza de que os textos escolares, etc, somente mencionariam ELE em conexão com todas estas invenções. Exatamente como os Laboratórios Bell (Bell Labs) fazem hoje em dia.

Mas Nikola Tesla era realmente um gênio; depois de ter feito muitos melhoramentos nos bondes elétricos e trens em seu país, ele veio para a América à procura de emprego, e eventualmente terminou indo trabalhar para Edison.

Edison tinha um contrato com a cidade de Nova Iorque para construir usinas de força de Corrente Contínua (C.C.) em cada milha quadrada ou mais, como também para iluminar as lâmpadas que ele supostamente tinha inventado. Iluminação pública, de hotéis, etc. Escavando buracos por toda a cidade para assentar os cabos de cobre, tão largos quanto os bíceps de um homem, ele disse a Tesla que se este pudesse economizar dinheiro re-projetando certos aspectos da instalação, ele daria a Tesla uma porcentagem dos lucros. Um acordo verbal. Depois de aproximadamente um ano, Tesla foi ao escritório de Edison e mostrou-lhe os lucros acumulados (US$100.000,00 ou mais, o que naqueles dias era muita grana) como resultado direto de seus projetos, e Edison fingiu ignorar qualquer acordo. Tesla saiu. Dali em diante, tornaram-se inimigos.

Tesla inventou a utilíssima Corrente Alternada (C.A) que todos usamos hoje, em um mundo onde Edison e outros já tinham feito um enorme investimento na energia de C.C.

Tesla fez proselitismo da energia de C.A. e teve algum sucesso construindo usinas de força e fornecendo energia para várias entidades. Uma destas foi a prisão de Sing Sing, no interior de Nova Iorque. Tesla forneceu energia de C.A. para a "cadeira elétrica" de lá. Edison publicou vários artigos nos jornais de Nova Iorque dizendo que a energia de C.A. era uma perigosa "assassina", e em geral, trouxe má fama para Tesla.

Para responder a este golpe, Tesla exibiu sua própria campanha de marketing, aparecendo na Exposição Mundial em Chicago (1880? [sic] ), passando por seu próprio corpo uma energia de alta freqüência da C.A. "perigosa", e fazendo acender lâmpadas diante do público. Ao disparar enormes e longas centelhas de sua "bobina de Tesla", e tocando-as, etc, ele "provou" que a energia de C.A. era segura para o consumo público.

A vantagem da energia de C.A. era que você podia enviá-la a longas distâncias através de fios de calibre razoável com pequenas perdas, e se você os juntasse, colocando-os em "curto-circuito", somente o lugar onde eles se tocavam derretia e provocava faíscas, até que eles deixassem de se tocar.

A energia C.C., por outro lado, necessitava de enormes cabos para atravessar qualquer distância, os quais esquentavam quando estavam levando energia. Quando em curto, os cabos derretiam-se por todo o caminho até a casa de força, e as ruas tinham que ser escavadas outra vez para novos cabos serem lançados. Se um curto ocorria em uma simples lâmpada, ela usualmente começava um incêndio, e queimava o hotel ou destruía o que quer com que entrasse em contato! Isto era muito lucrativo para os negócios de energia com C.C., e muito bom para os envolvidos com construção, escavação, etc.

Tesla inventou a Corrente Alternada de 2 e de 3 fases. Ele imaginou motores girando em círculo, de modo tal que as seções condutoras, montadas na armadura a 180 graus, dissipariam menos calor e gastariam menos eletricidade. Ele estava certo.

1929 chegou, o mercado de capitais quebrou, e banqueiros, advogados, qualquer um que tivesse perdido seus bens e não tivesse saltado pela janela, procurava trabalho, se tivessem sorte como trabalhadores comuns, ganhando um dólar por dia. Tesla encontrou-se escavando fossas na companhia de ainda influentes ex-investidores de Wall-Street. Durante o curto período do almoço, ele falava a seus camaradas acerca eletricidade de C.A. em fases, como ela era eficiente, etc. Por volta de 1932, ele estava trabalhando em um pequeno gerador em uma loja reconstruída de Nova Iorque, e um dos banqueiros que costumava escavar fossas com ele encontrou-o e levou-o para o Sr. Westinghouse, para quem ele contou suas histórias. Westinghouse comprou 19 patentes completas e deu a Tesla um dólar por cavalo-vapor para qualquer motor elétrico que ele fabricasse e usasse o sistema de 3 fases de Tesla.

Tesla finalmente tinha o dinheiro para começar a construir os seus laboratórios, cinco, e realizar as experiências com a energia livre [grátis] da terra. A idéia que realmente tornou-o impopular.

Alguma coisa grátis, que os mestres da guerra e dos negócios não podem controlar? Eles não poderiam aceitar aquilo! Então, em seguida Tesla morreu em 1943, seu enorme laboratório em Long Island incendiou-se misteriosamente, nenhum registro se salvou, e o que sobrou foi destruído pelos tratores para sumir com qualquer equipamento que tivesse restado. Foi um exagero, com a "energia grátis".


III - O MAIOR HACKER DE TODOS OS TEMPOS

por Dave Small
© 1987 - Reimpresso da revista "Current Notes" [© e nota do texto em inglês].

A questão vem à tona de tempos em tempos. "Quem foi o maior hacker?". Bem, há um monte de opiniões sobre isto. Alguns dizem que foi Steve Wozniak, do famoso Apple II. Pode ser Andy Hertzfeld, do Sistema Operacional do Mac [Macintosh]. Richard Stallman, dizem outros, do MIT. Entretanto, quando às vezes menciono quem eu penso que seja o maior dos hackers, cada um concorda (contanto que o conheçam), e não há mais argumentações. Assim, deixem-me apresentá-lo a vocês, e ao seu maior hack. Devo avisá-los que será de estarrecer. A propósito, tudo que vou dizer a vocês pode ser verificado em sua biblioteca local [nos EUA - N.T.]. Não se preocupem – não vamos contar uma história de aterrissagem de UFO da Shirley MacLaine. Só de um engenheiro eletricista de primeira...

 A CENA: COLORADO SPRINGS, COLORADO.

Colorado Springs fica no sul do Colorado, e cerca de 110 quilômetros ao sul de Denver. Naqueles dias era conhecida como o centro de várias corporações de pesquisas de discos ópticos e do NORAD, o Comando de Defesa de Mísseis sob a montanha Cheyenne. (Eu tenho um interesse pessoal em Colorado Springs; minha esposa Sandy cresceu lá). Estes eventos tiveram lugar algum tempo atrás em Colorado Springs. Um cientista tinha se mudado para a cidade e montado um laboratório em Hill Street, nas cercanias do sul. O laboratório tinha uma antena de cobre de pouco mais de sessenta metros esticada sobre ele, que se parecia com uma antena de radioamador. Ele mudou-se e começou a trabalhar. E estranhas coisas elétricas começaram a acontecer perto do laboratório. Pessoas caminhavam perto dele, e centelhas saltariam do chão para os seus pés, através das solas dos sapatos. Um garoto pegou uma chave de fenda, segurou-a perto de um hidrante, e arrancou dele uma centelha de quatro polegadas. Algumas vezes a grama à volta do laboratório brilharia com uma sinistra coroa azul, ou Fogo de Santelmo. O que eles não sabiam era que aquilo era só o começo. O homem no laboratório estava meramente sintonizando o seu aparato. Ele estava preparando-se para jogar-se em uma experiência que classifica-se entre as maiores e as mais espetaculares de todos os tempos. Um efeito colateral de sua experiência foi estabelecer um recorde para um raio produzido pelo homem: cerca de 42 metros de comprimento.

O HOMEM: NIKOLA TESLA
Seu nome era Nikola Tesla. Ele era um imigrante do que se tornou [e voltou a deixar de ser - N.T.] a Iugoslávia; existe um museu de suas obras em Belgrado. Ele é virtualmente desconhecido nos Estados Unidos, apesar de suas realizações. Não tenho certeza da razão disto. Alguns acham que foi uma conspiração, os mesmos que gostam das teorias sobre conspiração. Mas acho que foi mais porque Tesla, apesar de ser um brilhante inventor, era também um péssimo negociante; ele terminou na miséria. Negociantes que vão à falência desaparecem dos olhos do público; vemos isto na indústria dos computadores todo o tempo. Edison, que não chegava nem perto do inventor que Tesla era, mas que era um excelente homem de negócios, é bem lembrado, assim com a sua General Electric. Mesmo assim, deixem-me listar um pouco dos trabalhos de Tesla, assim vocês poderão compreender quão brilhante ele era. Ele inventou o motor de C.A. e o transformador (pense em cada motor que existe em sua casa). Ele inventou a eletricidade de 3 fases e popularizou a corrente alternada, o sistema de distribuição elétrica usado em todo o mundo. Inventou a bobina de Tesla, que cria a alta voltagem que energiza o tubo de vídeo de seu computador. Atribui-se a ele agora a invenção do rádio, também; a Suprema Corte derrubou a patente de Marconi em 1943, em favor de Tesla.

Tesla, em resumo, inventou a maioria dos equipamentos que trazem a energia para a sua casa todo dia, de grande distância, e muito do que usa esta eletricidade em seu lar. Suas invenções fizeram de George Westinghouse (Westinghouse Corp.) um homem rico. Finalmente, a unidade de fluxo magnético no sistema métrico é o "Tesla". Outras unidades incluem o "faraday" e o "henry", então você compreenderá isto como uma honra dada a poucos. Então não estamos falando de um desconhecido aqui, e sim de um genuíno engenheiro eletricista. Tesla, muito cedo em sua vida, envolveu-se com um monte de invenções. Ele interessou-se cada vez mais pela ressonância, com um tipo particular de ressonância elétrica. Tesla achou-a fascinante. Se você coloca um circuito elétrico em ressonância, coisas estranhas acontecem, de fato. Tome, por exemplo, a bobina de Tesla. Este transformador elevador [de voltagem] lançará algumas centenas de volts em freqüências de rádio. A voltagem irá sair do topo de sua bobina como uma descarga luminosa, ou de efeito "corona". Uma pequena [bobina] provoca uma faísca de seis polegadas; uma grande lançará faíscas à distâncias de alguns metros. Ainda mais, Tesla podia atrair as faíscas para seus dedos sem feri-los – a alta freqüência da eletricidade conserva-se na superfície da pele, e evita que a corrente provoque qualquer dano. Tesla começou a pensar sobre ressonância em larga escala. Ele já tinha sido o pioneiro do sistema de distribuição de energia elétrica que usamos hoje em dia, e isto não é pensar pequeno; quando pensar em Tesla, pense grande. Ele pensou, ‘vamos dizer que eu envie uma carga elétrica para o solo. O que acontecerá a ela?’ Bem, o solo é um excelente condutor de eletricidade.

Deixem-me gastar um momento nisso, para que compreendam, porque muitos acham que o solo não é muito condutor. O chão é um maravilhoso escoadouro para a eletricidade. Este é o motivo para o pino "terra" em seus aparelhos; o terceiro pino (redondo) em cada tomada C.A. de sua casa é literalmente ligado direto para a terra [apenas nos EUA. No Brasil, um dos dois pinos é ligado à terra - N.T.].
Tipicamente, o cabo de força de seu aparelho é aterrado desta maneira, e se alguma coisa entra em curto-circuito no aparelho e o cabo é energizado, a corrente flui para a terra, ao invés de ir para você. Há muito tempo que a terra vem sendo usada desta maneira, como um condutor.

Tesla gerou um poderoso pulso de eletricidade, e drenou-o para o chão. Devido ao solo ser condutor, ele não é bloqueado. Além disso, espalha-se como uma onda de rádio, viajando à velocidade da luz, 300.000 km por segundo. E mantém sua propagação, porque é uma onda poderosa; ela não enfraquece após uns poucos quilômetros. Ela passa através do núcleo de ferro da Terra quase sem problema. Afinal de contas, ferro fundido é um bom condutor. Quando a onda alcança o outro lado do planeta, ela é refletida de volta, exatamente como uma onda na água, quando alcança uma obstrução. Devido a isto, ela faz uma viagem de volta; eventualmente, retorna para o ponto de partida. Hoje, esta idéia pode parecer extravagante. Mas não é ficção científica. Fizemos refletir ondas de radar na Lua nos anos 50, e mapeamos Vênus através de radar nos anos 70. Aqueles planetas estão distantes milhões de quilômetros. A Terra tem apenas 4.800 km de diâmetro; enviar uma onda eletromagnética através dela é uma facilidade. Podemos sentir terremotos por todo lado através do planeta, pelas vibrações que eles provocam e viajam por toda essa distância. Assim, o que a princípio parece ser espantoso, na realidade não o é. Mas, como eu disse, isto é um exemplo típico de como Tesla pensava. E então ele teve uma de suas típicas idéias.

Ele pensou, quando a onda retorna para mim (cerca de um trigésimo de segundo após enviá-la), ela estará consideravelmente enfraquecida pelo percurso. Por que não enviar uma outra carga neste ponto, fortalecendo a onda? As duas se combinarão, irão em frente e serão refletidas juntas. E então ele a reforça várias vezes seguidas. A onda aumentará em potência. É como empurrar um balanço de brinquedo. Você dá uma série de empurrões cada vez que ele volta, e aumenta a oscilação com esta série de pequenos empurrões. Já tentou parar um balanço quando ele está no máximo? Ele queria encontrar o limite superior para a ressonância, mas veio a ter uma surpresa.

O HACK: A BOBINA DE TESLA
Então Tesla mudou-se para Colorado Springs, onde um de seus geradores e sistemas elétricos tinha sido instalado, e montou o seu laboratório. Por que Colorado Springs? Bem, seu laboratório em Nova Iorque tinha queimado, e ele estava deprimido por isso. E um fato aconteceu. Um amigo em Colorado Springs, que dirigia a companhia de eletricidade, Leonard Curtis, ofereceu-lhe energia de graça. Quem poderia resistir a isto? Depois de montar seu laboratório, ele esteve sintonizando sua gigantesca bobina de Tesla naquele ano, tentando faze-la entrar em perfeita ressonância com a terra abaixo. E o povo da cidade percebeu aqueles estranhos efeitos; Tesla estava eletrificando o chão abaixo de seus pés no retorno da onda refletida. Eventualmente, ele conseguiu sintonizá-la, mantendo-a a uma baixa potência. Mas no espírito de um verdadeiro hacker, uma vez que ele tenha decidido, ele vai em frente, só para ver o que acontecerá. Então, qual era o limite máximo da onda que ele estava formando, e que se refletia para frente e para trás no chão planeta abaixo? A antena de 60 metros acima dele estava ligada ao solo, e ele tinha toda a energia que queria diretamente do gerador da cidade. Tesla foi para fora para observar (usando solas de borracha de três polegadas como isolação), e seu assistente, Kolman Czito, ligou a Bobina. As filas de capacitores a óleo zumbiram, e um ronco veio dos arcos elétricos grossos como um punho, que saltaram pelo espaço. Dentro do laboratório o ruído era ensurdecedor. Mas Tesla estava do lado de fora, observando a antena. Qualquer oscilação elétrica que voltasse à área se acumularia na antena e saltaria como um relâmpago. Acima da antena relampejava um raio de cerca de um metro e oitenta centímetros de comprimento. O raio se conservava em um arco estável, embora diferente de um raio comum. E aqui Tesla observava cuidadosamente, porque ele queria ver se a potência iria aumentar, se sua teoria de ondas funcionaria. Logo os relâmpagos tinham seis metros de comprimento, e em seguida, quinze metros. A oscilação estava se tornando cada vez mais poderosa. Vinte e quatro metros – agora trovões se seguiam a cada relâmpago. Trinta metros, trinta e seis metros; o raio subia pela antena acima. Trovões podiam agora ser ouvidos à volta de Tesla (eles foram ouvidos a cerca de 35 quilômetros de distância, na cidade de Cripple Creek). A campina na qual Tesla estava de pé estava iluminada por uma descarga elétrica muito semelhante ao Fogo de Santelmo, lançando um brilho azul. Sua teoria estava certa! Não parecia existir um limite para as oscilações; ele estava criando a mais poderosa oscilação elétrica jamais criada pelo homem. Naquele momento ele conseguiu o recorde, o qual ainda permanece, para raios artificiais. Então tudo parou. As descargas de raios pararam, o trovão se foi. Ele correu para dentro, e descobriu que a companhia de eletricidade tinha desligado sua energia. Ele chamou-os, gritou com eles – eles estavam interrompendo a sua experiência! O capataz replicou que Tesla tinha sobrecarregado o gerador e feito ele pegar fogo, que seus rapazes estavam ocupados apagando o fogo da rede elétrica, e que o inferno esfriaria antes que Tesla tivesse qualquer energia grátis da companhia de força de Colorado Springs novamente!

Todas as luzes em Colorado Springs tinham se apagado. E aquilo, leitores, é para mim o maior feito hack da história. Eu tenho visto espantosos [feitos] hack. O SO [sistema operacional] Atari de 8 bits. O SO Mac. Computadores da companhia telefônica – bem, montes de computadores. Mas eu nunca vi ninguém fazer o maior raio do planeta e desligar a energia de uma cidade inteira, "só para ver o que aconteceria". Por uns poucos momentos, lá em Colorado Springs, ele conseguiu uma coisa jamais feita antes. Ele tinha usado o planeta inteiro como um condutor, e enviou um pulso através dele. Naquele momento do verão de 1899, ele fez história. Está certo, em 1899 – que diabo, perto de um século atrás. Bem, você pode dizer para si mesmo, é uma bela história, e estou certo que George Lucas poderia fazer um danado de filme sobre ele, com efeitos especiais e tudo o mais. Mas isto não é relevante hoje. Ou é? Segure firme o seu chapéu.
* * *

O mês passado falamos a respeito de um espantoso feito hack que Nikola Tesla tinha realizado – refletindo uma onda elétrica através do planeta, em 1899, e fazendo o maior raio artificial já feito. Este mês, deixem-me dar uma pequena fundamentação política. Em outubro último fui ao Hackercon 2.0, uma reunião de hackers de computador, os quais vêm de todo lugar. Foi um fim-de-semana informal em um acampamento nas colinas a oeste de Santa Clara. Uma das mais interessantes recordações do Hackers 2.0 foram as numerosas diatribes contra o Strategic Defense Initiative [Iniciativa de Defesa Estratégica, mais conhecido por Guerra nas Estrelas - N.T.]. A maioria dos locutores afirmava que ele era impossível, mencionando problemas técnicos. Assim, muitas pessoas sentiram-se obrigadas a queixar-se contra o SDI, referindo-se jocosamente à conferência como "SDIcon 2.0". Provavelmente, o ponto alto (?) da conferência foi Jerry Pournelle e Timothy Leary no palco debatendo sobre o SDI. Deixarei a descrição à sua imaginação – foi tudo que vocês podem pensar, e muito mais. Pessoalmente, eu estava perturbado de ver tantos talentosos hackers adotando a atitude de "não vamos nem mesmo tentar". Não foi assim que os micros surgiram. Mencionei a um jornalista da revista Time que, se alguém podia fazer o SDI funcionar, eram os hackers que estavam ali. Eu também acreditava que o maior de todos os hackers, Nikola Tesla, tinha resolvido o problema técnico do SDI já em 1899. O fato ocorreu há muito tempo atrás, e foi tão espantoso, que é bem capaz de ter sido esquecido; descrevi-o no último número [artigo anterior - N.T.]. Deixem-me apresentar meu caso sobre a Bobina de Tesla e o SDI. 


O USO PELOS SOVIÉTICOS* DA BOBINA DE TESLA
Você se lembrará que eu disse que Tesla tinha nascido na Iugoslávia (na época, a "Servo-Croácia"). Ele não é desconhecido lá; ele é lembrado como um herói nacional. Vejam o museu Nikola Tesla em Belgrado, por exemplo. Tem sido captadas interferências deste lado do planeta, as quais estão causando problemas nas faixas de radioamadores. Equipamentos radiogoniômetros tem rastreado uma interferência na faixa de SW [ Single Wave - Onda Contínua, geralmente usada para comunicações em Código Morse - N.T.], de duas fontes na União Soviética, as quais são aparentemente duas Bobinas de Tesla de alta potência. Por que estariam os soviéticos mexendo com Bobinas de Tesla? Há uma estranha teoria de que eles estão sujeitando o Canadá a uma interferência elétrica de baixo nível, para causar mudanças de atitude [comportamento]. (Suspiro). Em direção contrária, há uma outra teoria, bem mais crível, que eles estão conduzindo pesquisas em radares "além do horizonte", usando as idéias de Tesla (os soviéticos certamente não irão dizer o que eles estão fazendo). Quando li sobre estes testes, fiquei preocupado. Não acho que eles estão mexendo com controle de atitude ou com radar. Acho que eles estão fazendo exatamente o que Tesla fez em Colorado Springs.

 COMPUTADORES E ATERRAMENTO
É tempo de outra discussão sobre aterramento. Considere o seu computador. Você sem dúvida já foi avisado sobre eletricidade estática, e de sempre ligar-se à terra (descarregando a estática para a terra, um escoadouro elétrico) antes de tocar o seu computador. Empresas fabricam spray anti-estática para os tapetes. A [eletricidade] estática tem uma faixa de 20.000 a 50.000 volts. Chips de computador funcionam com cinco a doze volts. A isolação interna é feita para aquela voltagem máxima. Quando eles são atingidos por [eletricidade] estática em um escala de milhares de volts, a isolação é perfurada, e o chip é arruinado. Incontáveis computadores tem sido danificados desta forma.

Leia qualquer manual de chips de memória do PC, e você verá avisos sobre [eletricidade] estática; é um grande problema. Mas Tesla estava trabalhando com faixas de milhões de volts. E sua idéia especial – de que o solo em si mesmo podia ser o condutor – adquire agora relevância, aproximadamente um século após a sua dramática demonstração em Colorado Springs. Então, você vê, em nossa sabedoria nós temos aterrado nossos computadores, para protegê-los da [eletricidade] estática.

Nós sempre assumimos que o solo é um escoadouro de eletricidade. Então, com nosso plugues de três pinos, nós aterramos qualquer coisa – os dois pinos redondos na tomada da parede vão para a fiação de energia elétrica (vivo e neutro); o terceiro, o pino redondo, vai direto para a terra. Aquele terceiro pino é comumente ligado através de um fio grosso para um cano de água [metálico], que efetivamente o aterra.

Tesla provou que você pode aplicar ao chão uma carga terrível, de milhões de volts de eletricidade em alta freqüência (Tesla fez sua enorme bobina funcionar em 33 KHz). Lembrem-se, os relâmpagos que saíam de sua Bobina estavam vindo da onda refletindo-se acima e abaixo pelo planeta. Em resumo, ele estava modificando o potencial elétrico do solo, transformando-o de um escoadouro elétrico para uma fonte elétrica.

Tesla fez sua experiência em 1899. Lá não haviam, à época, computadores pessoais com chips delicados ligados à terra. Se houvessem, ele teria fritado cada um deles, em Colorado Springs. Havia, contudo, um equipamento elétrico ligado, à época da experiência, à terra: o gerador da cidade. Ele podia queimar e dar fim à experiência de Tesla. A causa desta falha também é interessante. Ele queimou por causa do "high frequency kickback", uma coisa que muitos engenheiros eletricistas conhecem. Tesla esqueceu que um gerador alimenta-se de potência, e ele estava energizando-o com alta freqüência de sua Bobina. Alta freqüência rapidamente aquece o isolamento; um forno de microondas funciona pelo mesmo princípio. Em poucos minutos, a isolação dentro do gerador aqueceu tanto que ele queimou. Quando as luzes se apagaram em Colorado Springs, esta foi a primeira prova de que a idéia de Tesla tinha possibilidades estratégicas.

É assustador. Imaginem uma Bobina de Tesla, ocupada bombeando uma onda elétrica na Terra. Deste lado do planeta, ele estava conseguindo raios de 39 metros, os quais possuem um diabo de um monte de voltagem e de corrente. E uma simples teoria de ondas mostrará a vocês que aquela espécie de potencial existe também do outro lado do planeta. Lembrem-se, a onda estava se refletindo para lá e para cá, sendo reforçada de cada vez. A grande questão é: quão concentrado o pólo elétrico oposto será. Ninguém sabe. Mas parece provável que a área alvo no solo do lado mais distante poderia ser sujeita a uma considerável interferência elétrica. E se um equipamento computadorizado é ligado à terra, esperançosamente assumindo que a terra jamais será uma fonte de eletricidade, isso será muito ruim para esse equipamento.

Esta espécie de interferência elétrica torna a estática insignificante, por comparação. E não é preciso muita diferença em potencial de terra para destruir um computador ligado a ela. Descargas de raios causam uma cintilação temporária na voltagem de terra; lembro-me de trocar chips de driver em uma rede de computadores que tinha sido atingida por um raio, quando eu morava em Austin. Imaginem o efeito em relativamente delicados [circuitos] eletrônicos, se alguém liga uma Bobina de Tesla no outro lado do planeta, e submete o solo a abruptas mudanças elétricas. As aplicações militares são bastante óbvias – aqueles ICBM [Inter-Continental Ballistic Missile – Mísseis Balísticos Inter-Continentais - N.T.] no Dakota do Norte, por exemplo. É possível que eles possam ser danificados em seus silos, e a partir de uma distância de milhares de quilômetros. Fazendo funcionar duas ou mais Bobinas, você não tem de estar, tampouco, exatamente do outro lado do planeta. Efeitos de interferência podem dar-lhe os pontos remotos que precisar, com sintonias variadas. Pode ser, apenas pode ser, que os soviéticos não estejam fazendo radares "além do horizonte". Pode ser que eles só estejam se ocupando na leitura das anotações de Tesla. E pode ser que eles estejam sintonizando uma grande e real surpresa com as suas bobinas gêmeas.


 "GUERRA NAS ESTRELAS" E A BOBINA DE TESLA

Vocês já ouviram sobre a Strategic Defense Initiative [SDI], ou "Guerra nas Estrelas". Nós estamos procurando por uma maneira de parar um ataque nuclear. Exatamente agora, estamos tendo toda espécie de projetos de pesquisa em alta potência, com ênfase em "nova tecnologia". Laser Excimer [excimer - uma molécula diatômica em um nível acima do menor estado energético possível – N.T.], técnicas de destruição cinéticas, e mesmo idéias mais exóticas. Como sabem muitos de vocês que têm escrito programas para computadores, é danado de difícil fazer alguma coisa "nova" funcionar. Pode ser um erro, apegar-se exclusivamente ao "novo". Não seria alguma coisa, se a solução para o SDI estivesse cem anos no passado, no brilho esquecido de Nikola Tesla? Por certo agora nós podemos imobilizar [o equipamento] eletrônico de instalações de metade do planeta. A tecnologia para fazer isto foi conseguida em 1899, e prontamente esquecida. Lembrem-se, não estamos falando aqui de algo vago, ou de teorias não provadas. Estamos falando do recorde mundial de raios, e do inventor daqueles sistemas de energia que acendem as luzes de sua casa à noite.


 A BOBINA DE TESLA FUNCIONA.

Tudo que temos que fazer é construí-la. Você pode não acreditar na história sobre Tesla em Colorado Springs, e no ele fez. É realmente espantosa. Por causa dela, ele foi esquecido. E não tenho certeza se você quer ouvir sobre a conexão SDI. Mas, quando você trabalhar em um computador, deve lembrar dele. Sua bobina de Tesla fornece a alta voltagem para o tubo de imagem [monitor] que você usa. A eletricidade para o seu computador vem de um gerador de C.A. de Tesla, enviada através de um transformador, e chega à sua casa através de um transformador de força de três fases de Tesla. As invenções de Tesla... elas ainda estão por aí...

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